Impacto do aquecimento global sobre aumento de doenças

O impacto do aquecimento global sobre as doenças contagiosas tornar-se-á um desafio cada vez mais complexo para a saúde pública mundial, indicaram especialistas reunidos numa conferência médica em Chicago.

Este tema foi incluído pela primeira vez na Conferência anual sobre Agentes Antimicrobianos, tendo sido abordado num dos discursos de abertura de segunda-feira.
O encontro, na sua 47° edição, reúne em Chicago cerca de 1200 médicos e cientistas do mundo inteiro.

"O facto de que este tema esteja em um lugar de destaque no programa desta conferência revela a sua grande importância", disse o médico Anthony McMichael, do Centro Nacional de Epidemiologia e Saúde das Populações da Universidade de Cabberra (Austrália).
"Há alguns anos, provavelmente não teríamos abordado este tema, mas os indícios mostram que o aquecimento climático se produz mais rapidamente do que pensávamos há cinco ou dez anos", acrescentou.

O impacto da mudança climática na saúde "será um importante desafio e acho que deveríamos reunir mais dados (...) e adoptar uma visão mais ecológica para compreender as origens e a propagação de doenças infecciosas", explicou McMichael.
O tema é complexo e exige que se reúnam logo os dados para elaborar modelos baseados na evolução das doenças durante as últimas décadas para entender bem o risco futuro, completou o especialista.

Um exemplo disso seriam os casos de infecções com o vírus do Nilo Ocidental, que aumentaram exponencialmente nos Estados Unidos e no Canadá desde 1999 na medida em que o clima mais temperado permite que o mosquito, vector da infecção, se multiplique.

Um modelo elaborado para projetar a evolução da malária na África Ocidental manifestou que a incidência da doença provavelmente diminuirá nesta região na medida em que ela se torne cada vez mais quente e seca, o que dificulta o desenvolvimento do mosquito portador do patogênico causador do mal.

Nos últimos 30 anos, as chuvas diminuíram 25% na África subsaariana, o que indica que a região "se encontra seguramente na primeira fase de um processo que sabemos caminhar para o deslocamento dos sistemas de precipitações", segundo McMichael.

"Não há nenhuma razão para pensar que não veremos mais alterações deste tipo nas próximas décadas", acrescentou, citando o último informe do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), publicado neste ano.

Segundo o IPCC, o aumento previsível da temperatura do planeta até 2100 estará entre 1,8° e 4,0°C.

A reunião da Sociedade Americana de Microbiologia realiza-se de 17 a 20 de Setembro em Chicago.
Não deixo de considerar pertinente chamar a atenção para a anormal ocorrência de pluviosidade durante este nosso Verão lusitano. O que poderá permitir uma anormal proliferação de mosquitos ou outros vectores de doenças.

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