The Corporation e o vir-a-ser humano
Fiz um copy de um artigo de Washigton Araújo, que considerei vir muito a propósito da temática debatida neste blog.
Assisti ao filme “The Corporation/A Corporação”. Poucos são os filmes que mexem com nossas convicções mais profundas sobre os tempos turbulentos nos quais vem tropeçando a nossa dita civlização. O filme inclui quarenta entrevistas com pessoas de dentro das grandes corporações (companhias, empresas) e também seus mais contumazes críticos, como Milton Friedman, Noam Chomsky, Naomi Klein e Michael Moore. O diretor e produtor é o Mark Achbar, com a ajuda de Jennifer Abbot. É um retrato profundo do que existe por trás das grandes empresas, nem todas, é claro, mas os jogos de interesses, a necessidade de se criar através de publicidade e ações espetaculares de marketing necessidades que as pessoas em geral não têm, o incentivo maior é sempre a busca febril pelo lucro, deixando-se ao largo quaisquer preocupações meramente éticas, morais ou espirituais. Todos os entrevistados parecem falar com uma sinceridade pouco usual nos filmes, afinal, alguns são ex-presidentes de corporações multinacionais aposentados, outros, foram CEO (o big boss) de empresas com filiais em dezenas de países e, obviamente, há que se atentar para o conteúdo crítico de pensadores contemporâneos como Friedman e Chomski. Questões como aumentar a produção de um determinado produto, seja uma jaqueta jeans, sejam um tênis, que utilizam mão-de-oibra barata em países asiáticos, africanos e latino-americanos são mostrados à exaustão. Algo como, uma camisa de marca internacional é produzida por meror U$ 1,78 e vendidas por US$ 89,00. Situações como a de operários que recebem por hora a bagatela de US$ 0,03 e ainda são extremamente gratos por terem um emprego é também dissecado ao longo do filme. Confesso que terminei de ver a primeira parte - são dois DVDs - o primeiro deles, já com uma ponta de indignação ao ver como o homem pode ser o seu pior e mais terrível predador. Senti que quando os valores humanos são desprezados vivemos em um novo tipo de selva, uma selva sem árvores, mas como muitos sinais de trânsito, sem trilhas, mas com muitas estradas free-way, sem animais exóticos e perigosos, mas muitos seres humanos desprovidos de qualquer sentimento de solidariedade com o sofrimento, a dor alheia. Outra vertente trata da degradação do meio ambiente pelas Corporations. É de fechar os olhos para os crimes que são cometidos a cada segundo em algum lugar do planeta, pois sempre existe alguma “corporação” desovando seus dejetos químicos em rios, nascentes. E aí, a coisa fica feia. São mostrados inúmeros exemplos de mutações biológicas de animais aquáticos, rãs com 6 ou 7 patas, peixes com 3 ou 4 olhos. Um espetáculo triste, muito triste, de um mundo que poderia ser um Éden, um paraíso para todos, independente de sua classe social, sua etnia/raça, seu grau de instrução ou volume de riquezas acumuladas. Estamos deixando passar uma grandeza que poderia ser nossa se tão somente investíssemos em nós mesmos, para sermos humanos, dotados de uma compreensão mais abrangente do significado da vida. Na verdade existe uma longa travessia a ser percorrida para que alguém venha a se tornar humano. E o único caminho é “ter as mudanças que queremos ver”. Voltano ao filme, o mesmo ganhou 24 prêmios internacionais, inclusive o do prestigioso Sundanced Festival. Sinal que a mensagem vem encontrando eco nos mass-media. Aliás, um bom sinal mesmo.
Comentários
Referi-me aquela imagem como fazendo parte de uma peça de circo, de entretenimento para quem assistia mas não quero dizer que se justifique.
Chamei à atenção para aquele espectáculo não fazer parte de nenhuma punição imposta pelo sistema jurídico daquele país.
Quanto ao facto de me ter referido ao "Islão", era disso mesmo que eu queria escrever.
Não pretendo tapar o Sol com uma paneira e dizer que não há o risco de atentados ou que tudo o que vemos é propaganda anti-islâmica.
No entanto, devemos estar cônscios que os movimentos de fobia contra qualquer grupo religioso, racial, étnico ou social pode abrir uma "caixa de pandora", e a pantomina pode acabar em tragédia.
Ou seja, imaginei que pudesse rever a sua posição sobre o Islão e sobre o seu Fundador e visse que a solução passa, acima de tudo, por um processo de integração e solidariedade.
Para ambos:
É evidente que não se tratava de uma sentença de tribunal, senão não teria colocado a palavra justiça entre aspas. Interpretei como justiça popular como frequentemente acontece.
Quanto a rever a minha posição sobre o Islão e o seu fundador está em aberto. Mas antes os muçulmanos terão de reformar ou liberalizar a sua religião. Basta que a maioria silenciosa deixe de ser refém dos radicais. Sinceramente não vejo nenhum sinal nesse sentido. Estou pessimista.
Muitos iranianos e não iranianos estão nas campanhas da sensibilização sobre este assunto.
No momento parece existem dez mulheres e dois homens a espera no corredor da morte por "stoning".
http://www.meydaan.com/news.aspx?nid=140
http://www.meydaan.com/news.aspx?nid=141
Espero que consigam abrir estes dois links e a partir daí encontrarão mais páginas sobre assunto.
Com relação ao filme, vou atrás do DVD, no que concerne a imagem da criança sendo punida, cheguei a postar sobre o assunto.
Acredito no diálogo entre as religiões, as culturas são diferentes, mas é necessário um esforço, prenhe de humanismo para convivermos juntos, o mundo é uma pequena aldeia...
Abraços,
Pedro
P.S.: Já tá linkado.