XVI. O Dia que não será seguido pelas Trevas

Conforme já vimos o Alcorão refere-se a uma comunidade una, algo que não surgiu na Dispensação de Maomé, mas que vai ocorrer na de Bahá’u’lláh.

Por outro lado vemos que se é crença dos Bahá’ís que os cristãos deveriam ter reconhecido em Maomé os sinais de Jesus e portanto aceite o Islão, como continuidade do cristianismo, também é verdade que se o Islão não se tornou uma religião verdadeiramente universal tal deveu-se à incompetência dos Seus seguidores.

Na história do Islão há um episódio largamente difundido de entre a comunidade xiita acerca dos últimos dias de vida terrena de Maomé. Quando estava já numa fase agonizante, quatro dos Seus companheiros estavam junto do Seu leito: Abú Bacre, Omar, Uthmán e Ali. Abu Bacre era Sogro e Ali Seu primo e genro. A história conta que Maomé pediu que Lhe trouxessem algum material para que Ele pudesse escrever a quem os Seus seguidores deveriam dirigir-se após a Sua morte. Mas Omar um estratega calculista e sem escrúpulos disse que como o Profeta estava às portas da morte a Sua mente encontrava-se transtornada e assim não Lhe deveria ser entregue qualquer material. Os xiitas consideram que o Profeta pretendia confirmar o já testemunho verbal de que Ali deveria liderar a comunidade após a Sua morte.

Assim, quando Maomé abandonou a vida terrena, Omar organizou uma reunião de muçulmanos distintos e instigou-os a seguirem Abú Bacre que gozava de grande prestígio junto da comunidade islâmica, tendo sido proclamado o primeiro califa. Dois anos mais tarde veio a falecer e então Omar tornou-se o segundo califa. A partir daí iniciaram-se as conquistas bélicas dos muçulmanos tendo a sua a maioria rejeitado o direito a Ali suceder a Maomé.

É crença fundamental para os Bahá’ís que o Imame Ali era o legítimo sucessor de Maomé, tal como os seus descendentes masculinos, também designados pelos “Santos Imames”. Estes lideraram a comunidade xiita até ao ano 260 D.H. Bahá’u’lláh lembra-os como os legítimos sucessores de Maomé: sábios e expositores do Alcorão, relembra muitas das suas citações ou Ahádíth (tradições), exalta a sua estação, em especial a do Imame Husayn, o terceiro Imame, a quem se refere como o “Príncipe dos Mártires” (Kitáb-i-Íqán, pg. 138).

Devido à hostilidade de Omar à posição legítima de Ali, as intenções de Maomé para a Sua sucessão na guia do mundo islâmico saíram frustradas. Quando Ali clamou pelo seu estatuto natural, referindo-se ao testamento verbal do Profeta, a resposta de Omar foi cortante: “O Livro de Deus é suficiente”. Esta brutal resposta veio a ecoar de forma trágica através dos séculos até que ‘Abdu’l-Bahá, filho de Bahá’u’lláh e Centro do Convénio, descreveu na Epístola dos Mil Versos as suas consequências. Aquela afirmação veio a tornar-se a arma que martirizou a próprio Imame Ali, que causou grandes divisões no seio do Islão e que transformou o espírito de amor de uma nação noutra de guerreiros armados com a espada. Como resultado daquele mesmo testemunho, a cabeça do Imame Husayn, o mais distinto de todos os Imames, foi decapitada em Karbilá, aos outros Imames foram infligidos sofrimentos atrozes, como a morte ou prisão, e um número incontável de almas inocentes forma penalizadas durante doze séculos.

‘Abdu’l-Bahá veio mais longe ao afirmar que a afirmação de Omar veio se a transformar nas centenas de balas que perfuraram o peito do Báb em Tábriz, e no grilhão que foi acorrentado ao abençoado pescoço de Bahá’u’lláh, e que Lhe proporcionou sofrimentos indescritíveis ao longo dos Seus sucessivos exílios.

Comentários

Anónimo disse…
...e que ainda continuam;
Não é mesmo?
João Moutinho disse…
Tanto os muçulmanos como os cristãos, ou outros seguidores de diferentes Religiões estão à espera de uma "comunidade una".

Daniela, vamos dizer a todo o Mundo que já chegou essa tal "comunidade una"?
Anónimo disse…
Eu não sei você é quem decide se quer dizer a todo o Mundo que já chegou essa tal "comunidade una"?
Mas eu ao dizer "...e que ainda continuam; não é mesmo?" estava me referindo ao facto de que a atitude de Omar, como você a descreveu e explicou, veio a se transformar naqueles sofrimentos e perguntando se ainda hoje continuam a ser submetidos aos bahá'is?
Quer dizer uma pergunta mais simbólica mas afirmando; talvez.
João Moutinho disse…
Quanto à atitude de Omar acreditamos ter sido um acto de usurpação do poder.
Só que a História ao contrário da Químca não permite o ensaio em "branco". Nunca poderemos ter a certeza como teriam os muçulmanos se comportado perante o Báb, caso os direito de Ali fossem reconhecidos pela maioria dos crentes.
Por uma questão de Fé acreditamos que 'Abdu'l-Bahá e Shoghi Effendi são os legítimes intérpretes De Bahá'u'lláh.
Daí a conclusão sobre aquele acto de Omar.

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