9.1. A reciclagem de papel


O papel é um dos suportes fundamentais da civilização. Ao longo da história foi constituído por diferentes matérias primas, tendo sido sempre um suporte na difusão de cultura e conhecimentos. Na sociedade contemporânea o papel é um veículo imprescindível na a
transmissão de informação e no desenvolvimento social, científico, tecnológico, cultural e económico.

A reciclagem de papel permite a conservação de amplas massas florestais, e é uma alternativa tecnológica viável em muitas situações. Um uso menos intensivo da floresta permitirá combater o excesso de CO2 atmosférico e diminuir - não eliminar - as consequências do efeito de estufa. A reciclagem permitirá uma diminuição na quantidade de resíduos, muitos deles de difícil eliminação, sendo a sua acumulação fonte de problemas tanto ambientais como sociais. Até à década de 80, os produtos impressos, tais como jornais ou revistas eram eliminados em lixeiras de forma a deixarem resíduos tóxicos. Pouco se aproveitava deste tipo de materiais. Na década
de 90 o desenvolvimento tecnológico possibilitou a reciclagem deste material. Recolhendo-se esta matéria prima selectivamente, sem contaminação, é possível fornecer-se ao consumidor novos produtos que modificam a oferta de produtos papeleiros destinados à imprensa, revistas, material de escritório, material escolar, cadernos, edição e impressão, etc. O êxito da tecnologia de re-utilização só foi possível porque o seu desenvolvimento foi feito em paralelo com a progressiva consciencialização da sociedade.

Em 1994, países como Alemanha, Bélgica, Holanda, Franca, Dinamarca, EUA e Japão eram
possuidores de legislação que favorecia a reciclagem de todos os materiais valorizáveis que se encontrem presentes nos RSI (Resíduos Sólidos Industriais) e RSU (Resíduos Sólidos Urbanos),
implementando sistemas de recolha de papel separado selectivamente na origem, que requerem a colaboração de um consumidor cada vez mais receptivo a esta iniciativa de recuperação, ao sentir que não pode continuar a contribuir para a crescente degradação ambiental.

A importância do papel levou a que o papel e o cartão se encontrem presentes nos RSU numa fracção cada vez mais importante, em quantidades que oscilam de 40% nos EUA a 30% na UE (União Europeia) e 20% na Península Ibérica. Estas cifras têm tendência a aumentar com a evolução da sociedades. A nova matéria prima da Indústria papeleira, que é a sua própria
fibra, recuperada selectivamente com técnicas adequadas, numa altura em que a evolução social reclama a máxima utilização dos recursos disponíveis é um factor importante na defesa dos recursos florestais e na redução da pressão que se exerce sobre as lixeiras em contínuo crescimento. A reciclagem de papel tem as seguintes vantagens ambientais: diminui a necessidade de recursos naturais para satisfazer a procura, dá-se à fibra de madeira novos ciclos de vida, permitindo a sua re-utilização sucessiva, aproveitando-se ao máximo os recursos disponíveis para a sua função natural, contribuindo para a biodiversidade dos ecossistemas; economiza-se energia primária, não só porque o processo de reciclagem precisa de 62.5% menos, mas também pela economia em recursos naturais, ao re-utilizar a fibra sucessivamente, depois da sua primeira transformação em papel, mediante processos químicos ou mecânicos, grandes consumidores de energia; economiza-se 86% de água, pela menor procura do processo de reciclado, por ser uma tecnologia que parte de uma matéria prima já transformada que se re-utiliza; menor contaminação no ecossistema para fabricar papel, ao utilizar uma tecnologia limpa, sem nenhum tipo de agente químico de branqueamento, reduz-se a carga de contaminação em 92%; alivia-se a pressão do aumento constante das lixeiras.

O papel reciclado é um exemplo de como o cidadão comum pode ajudar na preservação do ambiente. Este tipo de papel permite que a sua fabricação tenha um menor impacto ambiental, há uma substituição de processo inadequados sob o ponto de vista ambiental, como o branqueamento de cloro e seus derivados, por outros de menor impacto.

Em 1993 mais de 33% do total de necessidades fibrosas da Indústria Papeleira mundial são matérias primas recicladas que, por si só, como no caso do papel reciclado, ou complementando as fibras no seu primeiro ciclo, serviram para produzir os 252 milhões de TM de papel em 1993.

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